Yurt da Mongólia

Tradicionalmente, os mongóis do interior da Ásia levavam um estilo de vida nômade. Eles se deslocavam em grupos, percorrendo as grandes planícies divididas por rios e cercadas por cadeias de montanhas. Sua cultura pastoril, centrada na pecuária, baseava-se na criação de animais como cavalos, ovelhas, gado e, em certas regiões, camelos.

De todos os animais, os cavalos eram tidos na mais alta estima como os companheiros mais próximos dos humanos. Eles eram usados para várias finalidades, como transporte, carregamento de cargas, combate e até mesmo como alimento. O vínculo entre o homem e o cavalo era profundamente respeitado e se tornou uma pedra angular da cultura mongol.

A yurt, conhecida como ger em mongol, é um dos símbolos mais icônicos da identidade nacional da Mongólia. Seu design e materiais são perfeitos para o modo de vida nômade. Elas são fáceis de montar e desmontar, mas são leves o suficiente para serem transportadas em carroças puxadas por bois, cavalos ou camelos. Todos os componentes de uma yurt média pesam entre 250 e 300 quilos.

É interessante notar que, embora a Mongólia tenha adotado os avanços tecnológicos modernos, uma parte significativa de sua população ainda vive em yurts atualmente. Enquanto os distritos centrais da capital, Ulaanbaatar, são dominados por prédios altos, os arredores da cidade abrigam distritos de yurts, onde os arranjos tradicionais de moradia ainda são comuns.

As yurt da Mongólia são circulares em seu design. No sistema de crenças da Mongólia, as energias ruins podem se acumular nos cantos, o que não acontece no formato redondo da yurt. Dessa forma, os habitantes da yurt podem ter uma noite de sono tranquila e proteção contra emoções negativas, como a raiva.

O interior de uma yurt é tradicionalmente dividido em várias áreas, cada uma com uma função diferente. Por costume, a entrada sempre fica voltada para o sul para proteger o interior dos fortes ventos do norte e para permitir que a fumaça saia. A área próxima à entrada é reservada para visitantes comuns. O altar da família está localizado em frente à entrada. A área em frente ao altar é reservada para convidados de honra. O lado do marido fica à esquerda da entrada. Essa área também é onde os convidados do sexo masculino se sentam. O lado direito é para a esposa, filhos e convidados do sexo feminino. No centro da yurt fica a lareira, que tem um profundo significado simbólico. O fogo em si é reverenciado como sagrado, e a posição central da lareira na yurt é análoga ao centro do Universo.

A facilidade de montagem e desmontagem foi uma das considerações mais importantes no projeto da yurt. A escolha dos materiais usados em sua construção foi ditada pelos recursos naturais disponíveis na região em questão. A estrutura das paredes da yurt consistia em uma estrutura de treliça dobrável feita com a união de várias peças de madeira, que eram mantidas juntas por materiais de ligação. O telhado era construído com postes sustentados por pilares, e uma abertura circular foi projetada no centro do telhado para permitir a saída da fumaça.

O exterior da yurt era coberto com um material chamado feltro, feito de pelos de animais comprimidos e secos, principalmente lã de ovelha. O feltro é um excelente isolante: retém o calor com eficiência e também é respirável e impermeável. A cobertura de feltro era presa à estrutura com cordas. Essas cordas não apenas mantinham o feltro no lugar, mas também davam estabilidade a toda a estrutura. O anel do teto e a entrada foram cobertos com coberturas ajustáveis separadas, semelhantes a cobertores. No tempo quente, a cobertura externa de feltro podia ser dobrada para cima a partir da base da yurt para permitir a circulação de ar e garantir a ventilação adequada no interior.